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Sobre fazer parte de algo maior, por Rapha Pinheiro

Coluna do Editor, Almanaque Guará #01

Quando comecei a trabalhar com quadrinhos em 2014, jamais imaginei que estaria aqui conversando com você agora. No início, fazer quadrinhos era mais uma forma de botar pra fora minhas histórias, compartilhar minha maneira de ver o mundo. Com o tempo fui conhecendo o mercado, a cena nacional de quadrinhos, e percebi que muito poderia ser feito pra coisa ganhar mais porte.


Temos uma quantidade e qualidade de profissionais de fazer inveja em outros países, tanto que exportamos talentos para os quatro cantos do mundo. Apesar disso, quadrinhos nacionais são de nicho e poucos fazem dinheiro com eles por aqui.


Foi pensando nisso que, sentado numa mesa de bar com o Gabriel Wainer, diretor da Guará, topei me tornar editor no final de 2019. Eu sabia que ia desenhar menos, me dedicar menos aos vídeos sobre fazer quadrinhos que publico no canal e até mesmo escrever menos. Ainda assim, acreditei que podia fazer um pouco mais pela cena, trabalhando junto com artistas e ajudando a galera a montar uma estrutura de produção como sabemos que existe lá fora.


Justamente por isso que, quando paro pra pensar que temos um livro mensal com quatro histórias, mais de trinta artistas trabalhando comigo simultaneamente e até alguns deles sendo descobertos por editoras estrangeiras, vejo que meu sonho e sacrifício valeu a pena. Eu sei que o Almanaque Guará não vai mudar o mundo, muito menos a cena nacional de quadrinhos, trazendo um novo paradigma de produção ou algo do tipo. Quadrinhos são feitos com produção seriada pelo mundo todo, até no Brasil isso já foi uma prática comum. Não estamos inventando a roda, mas acredito genuinamente que estamos dando um passo na direção de uma cena mais rica, relevante e ativa com esse livro.


Acho que falo por todos os artistas do time Guará quando digo que, antes dessa iniciativa, fazer quadrinhos era uma tarefa solitária. Passar o tempo livre sentado na prancheta para tentar provar pra si mesmo que seu trabalho é maneiro é algo que cansa, desgasta. O que temos aqui é uma situação completamente nova: artistas se encontrando semanalmente para falar sobre a produção, elogiar e criticar o trabalho dos amigos, fazer um happy hour juntos e até jogar videogame é algo que eu nunca vi acontecer antes. Artistas socializando, podendo comentar sobre seu trabalho com mentes parecidas, todos felizes por estarem fazendo dinheiro com o que gostam. Não sei você, mas eu fico emocionado falando (e escrevendo) sobre isso.


Depois dessa relação entre os artistas estabelecida, agora quero mirar em um novo alvo: você, o leitor. Se você curtiu o que leu aqui, prepare-se pra assinar o Almanaque e acompanhar essa produção toda que eu falei chegando às suas mãos todo mês. Você leu só o primeiro episódio de cada série, afinal de contas! Além disso, essa singela coluna comigo também vai até você. Nela pretendo falar um pouco sobre a cena e suas transformações (que espero estar ajudando a promover), processos de produção dos quadrinhos que você está lendo e, o mais importante, dicas para você também fazer seus quadrinhos.


Assim como faço no meu canal, quero incentivar o independente, o autor aspirante, a fazer parte desse time Guará de que tanto falei. Não é à toa que temos uma das histórias do Almanaque com o selo Indie. Essa história é independente mesmo! Ficamos de olho no que está sendo produzido por aí e puxamos pra asa da Guará o que vemos potencial e qualidade.


Nas próximas edições, vou dar algumas dicas de como tornar o seu trabalho um Indie Guará. Até lá, fique em casa, use máscara e leia gibis (especialmente nacionais).

Rapha Pinheiro é Editor-chefe do Universo Guará.




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