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Noite de Spoiler e a Metalinguagem

Noite de Spoiler, quadrinho de Gabriel Arrais, Dan Borges, Mário Cau e Débora Santos, já foi para gráfica e deve chegar quentinho nas mãos dos apoiadores logo, logo.


Mas por que a obra tem chamado tanto a atenção, chegando até receber apoio oficial da própria CCXP no lançamento?


No quadrinho, acompanhamos a saga de Leandro, um jovem cosplayer e fã da cultura pop, que ganha de sua mãe uma credencial para um dia na Comic Con Experience. O maior sonho de Leandro é tirar uma foto com seu ídolo, Stan. Ele tem uma queda por Mara, uma promissora artista de quadrinhos que quer aproveitar o evento e mostrar seu trabalho para uma grande ( :) ) editora. Ela é criadora do mangá Equilíbrium, baseado – tanto quanto possível – em uma lenda japonesa e que há um bom tempo vem mexendo com a cabeça de Leandro. Enquanto isso, somos apresentados a um quarteto engraçadíssimo de manifestantes que, após saberem que seu artista favorito não fora convidado, resolvem se infiltrar e deixar sua marca no evento (aliás, acompanhe esse núcleo com atenção, porque ele esconde a segunda melhor sacada da história).


Bem mais que uma homenagem ao maior evento de cultura pop do mundo, Noite de Spoiler é uma aula sobre como trabalhar metalinguagem. Ao mesmo tempo que acompanhamos a aventura de Leandro, Mara e o quarteto, acompanhamos também o desenrolar de Equilíbrium. Ou seja, lemos o quadrinho e o mangá dentro do quadrinho. O mais legal é que esse lance meio inception tem razão de ser. Se o mangá criado por Mara não existisse, a história principal também não existiria. Tudo seria drasticamente diferente.


Aí você pergunta: Beleza, tio. Mas o que é metalinguagem?



Metalinguagem é, em termos simples, um recurso narrativo em que se usa a própria linguagem, no caso aqui quadrinhos, como tema e conteúdo.


Ficou confuso? Explico.


Já reparou que quando Deadpool interrompe o filme e fala conosco, os expectadores, ele fala sobre o próprio filme? O herói não só sabe que é um personagem de ficção, como sabe que está dentro de uma produção cinematográfica. Isso é uma forma de metalinguagem. Existem outras.


Tem um filme antigão do Arnold Schwarzenegger, O Último Grande Herói, que abusa tanto desse recurso, a ponto de o expectador pensar que a própria metalinguagem é o tema e o conteúdo do filme. Se você encontrar esse filme por aí, assista e nunca mais terá dúvidas sobre recursos metalinguísticos.

Usar a metalinguagem tem lá seus perigos. Como toda boa ferramenta, ela precisa ser útil para a história, senão fica estranho, confuso... O que definitivamente não acontece com Noite de Spoiler. O roteiro de Gabriel Arrais consegue unir três universos em uma só obra. O universo de Leandro e Mara, o universo criado por Mara e o nosso porque, se você já esteve na CCXP, vai se familiarizar com os perrengues que os personagens enfrentam.



Informação dos bastidores aqui da editora: A segunda edição do Noite de Spoiler vai acontecer e, ao que parece, vai misturar ainda mais esses universos, trazendo história reais de quem esteve no evento. Você tem alguma aventura no CCXP que caberia num gibi? Conta pra gente.

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