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As influências da Gibisfera, por Rapha Pinheiro


Coluna do Editor, Almanaque Guará #03





Você compra quadrinhos indicados pelos famosos gibitubers? Eu compro e não vou parar tão cedo.


Vivemos num momento muito positivo pra cena de quadrinhos (apesar de não ser nada positivo para o Brasil). Temos muitas editoras e muitos autores nacionais publicando material de qualidade todos os meses e fica cada vez mais difícil de acompanhar. Não só isso, mas a quantidade de webcomics e tirinhas que vemos todos os dias nas redes sociais pode deixar a gente desnorteado.


Em tempos como esse, se torna ainda mais importante um negócio chamado curadoria.


O que os gibitubers fazem (e eu me incluo nessa lá no meu canal que você devia conhecer...) é selecionar dentre a vastidão de publicações e te recomendar ou apontar para o que é realmente bom.

Mas o que é realmente bom?


Pra conversar sobre isso, temos que entender que qualquer forma de fazer uma crítica isenta e 100% objetiva é falha. Mas tudo bem. O que importa é que a crítica ou recomendação que o seu influenciador favorito está fazendo siga algum critério lógico que você concorde.


Muitas vezes, esse critério é apenas o gosto da pessoa e isso não é necessariamente um problema. Eu mesmo acompanho pessoas que sei que tem gostos parecidos com os meus e, se elas gostam de algo, sei que devo gostar também.


Quando eu estava na faculdade, fiz uma eletiva de crítica de arte na Escola de Belas Artes da UFRJ. Foi uma experiência... interessante. Lá eu entendi que a crítica costuma ter dois aspectos: um técnico e um opinativo e, para a minha surpresa, os dois são igualmente válidos.


Eu falo muito sobre narrativa gráfica no meu canal. Condução do olhar pela página, construção de cenários e composição. Se você busca acompanhar alguém que vai te dar informações relevantes sobre a cronologia da Marvel, talvez eu não seja o melhor cara pra isso. Recomendo acompanhar o 2Quadrinhos ou Nerd All Stars.


Eu falo bastante de convenções de roteiro, mas se você quer saber quais as convenções usadas pelos mangakas (ou autores de quadrinho japonês), provavelmente você deveria consultar também outras fontes. Meu repertório é mais voltado pro processo de produção no Brasil, Europa e nos Estados Unidos. Talvez valha conferir o trabalho do Instinto Mangaka ou do Marcus Beck.


O importante é saber que não existe crítica certa. Existe crítico que entende mais do que ele tá falando e, por isso, fala com mais propriedade? Sim. Busque entender o que você procura saber, e encontre quem se comunica com você.


Para voltar ao início do texto, aproveite a curadoria que essas pessoas fazem para tomar decisões mais informadas sobre o que comprar e o que ler. Infelizmente, não temos tempo (e nem dinheiro) para ler tudo. Saibamos apreciar o trabalho que a nossa mídia especializada faz.


Esse objeto, esse Almanaque que você tem em mãos, é uma grande curadoria. Aqui, selecionamos o que consideramos a nata da aventura em quadrinhos e trazemos até você. Assim como os gibitubers e influenciadores em geral, qualquer coletânea é uma espécie de curadoria. Como eu disse no início, a internet e sua enxurrada de informações tornou coletâneas cada vez mais importantes. O formato almanaque não foi escolhido à toa, né?


Pra concluir, não se esqueça que, assim como qualquer gibituber, você também pode criticar uma obra. Basta encontrar uma lente e olhar através dela. O que você vê? O que aquele quadrinho te fez sentir? Vai que alguém por aí está procurando pela sua curadoria...


Aproveitando, o que você acha do Almanaque Guará até agora?


Rapha Pinheiro é Editor-chefe do Universo Guará.





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